Homo neanderthalensis
Começaremos pelo Homo neanderthalensis uma vez que surgiu na Europa antes do Homo sapiens. Esta espécie terá surgido por volta dos 230.000 anos e desaparecido entre 28.000 – 25.000 anos atrás, tendo sido o pico do seu sucesso biológico há 60.000 anos, contudo, a população não deverá ter ido alem dos 15.000 indivíduos. O rasto dos vestígios osteológicos desta espécie leva-nos a várias regiões da Europa e Ásia.
Os importantes vestígios de Qafzeh, em Israel, mostram que os Neandertais, chegaram a esta região mais tarde que o Homo sapiens, surgindo assim um acesso debate sobre o posicionamento desta espécie na árvore evolutiva humana, bem como os resultados do ADN mitocondrial retirado de um fóssil de neandertal, por Svante Paabo (Universidade de Munique), com 40 mil anos. Esta chocante descoberta veio a revelar que os Neandertais e os humanos modernos começaram a divergir há 700 mil anos e foram uma espécie paralela ao Homo sapiens e não o seu antecessor.
Eram nómadas e viviam em qualquer tipo de ambientes, em grupos mais ou menos numerosos, dependendo dos recursos disponíveis. Sabe-se também que viviam em cabanas e acampamentos, usavam o fogo regularmente e cuidavam os elementos mais fracos do grupo. Durante o tempo mais frio recolhiam aos abrigos, grutas e cavernas. Eram já muito desenvolvidos e muito bem adaptados ao frio, visto que foram sujeitos a fortes glaciações pois as zonas onde viviam eram muito mais frias, do que hoje em dia. Para poderem viver nesses ambientes hostis eram muito mais robustos do que os humanos modernos.
Este seria maior do que o nosso e mais alongado. Ao nível da face sobressaem as grandes e robustas arcadas supracilares e uma igualmente grande abertura nasal.
Mas se então, como provam estudos recentes, o neandertal já possuía o gene da fala, possuía uma capacidade craniana maior e era tão evoluído como o Homo sapiens, porque razão desapareceram?
O facto dos humanos modernos viverem em grupos sociais maiores, levaria a um maior desenvolvimento do cérebro, e consequentemente da fala bem como outro tipo de relações. Havia mais homens para caça, ficando assim mais elementos nos acampamentos que se podiam dedicar a outras actividades, potenciando uma maior e melhor resposta a contratempos. Pelo contrario os Neandertais viram-se obrigados a levar as mulheres e as crianças para a caça, devido á sua grande necessidade calórica, como comprovam os traumas e consequentes cicatrizações nos ossos dos membros superiores da maioria dos fosseis de Neandertais encontrados. Cada neandertal teria uma necessidade clórica de aproximadamente 5000 calorias/dia. Os seres humanos teriam desenvolvido então , uma “cultura da inovação” e teriam transmitido de geração em geração as capacidades práticas de sobrevivência e da tecnologia de fabrico de utensílios.
O facto dos humanos modernos terem grupos maiores, e com maior capacidade, poderia ter conferido aos seres humanos maior vantagem quando as condições se tornavam mais adversas. O ultimo refugio destes seres tão fascinantes e que tanto apaixonaram os paleoantropólogos por todo o mundo, foi Gibraltar onde as brasas da ultima fogueira se apagaram por volta dos 28 mil anos, talvez encurralados pelos mais altos e ágeis humanos modernos, munidos das suas lanças afiadas. Esta é sem duvida uma data tardia para a presença dos Neandertais, mas se calhar foi o ultimo fôlego de sobrevivência: uma gruta recôndita onde pensavam estar em segurança. É esse o fim do rasto destes nosso “primos” que foram heróis na sobrevivência em condições adversas e num mundo em constante mudança onde outra espécie lhes viria a tirar o lugar... o Homo sapiens.